Provérbios: Fale Pouco, mas fale bem!

“A morte e a vida estão no poder da língua; quem bem a utiliza come do seu fruto” (Provérbios 18.21).

 

Ultimamente, muitas pessoas lutam e brigam ferrenhamente por espaço e por voz. Todos querem expressar-se, falar, falar e falar. Querem expressar suas opiniões, e eu defendo isso com unhas e dentes. É o que temos de mais valioso em nossa humanidade, creio eu.

A liberdade de expressão é uma das facetas da democracia, que temos deixado em tão maus lençóis ultimamente, mas isso não vem ao caso. O que eu sei é que nenhum de nós pode perder a essência da luta pela liberdade de expressão.

Num debate eleitoral, uma certa vez, ouvi da boca de um presidenciável uma frase que me fez rir muito, e a resposta de seu oponente me fez sorrir ainda mais, quando ele disse: “a democracia é uma delícia, mas tem certos custos”. De fato, a democracia é boa, mas muitas vezes, em meio a essa liberdade toda, muitos acabam falando demais.

Somos livres para falar o que bem quisermos, de fato. Somos livres para expressar os nossos pensamentos, mas também somos livres para assumir os riscos e os custos de cada palavra que utilizamos.

Salomão, o rei mais sábio e próspero de que se tem conhecimento, foi de fato um homem muito espalhafatoso, mas soube ensinar uma lição importante para todos: “cuidado com a língua”.

Quem fala muito, por mais que possa expressar seus conhecimentos e sua sabedoria, expõe também a sua insensatez a todos. Esse é o grande “xis” da questão. Tiago, irmão de Jesus, em sua epístola escreveu que a língua é como um leme pequeno que consegue mudar o curso de um navio muito maior que ela, ou mesmo é uma fagulha que, mesmo sendo tão pequena, pode incendiar uma floresta inteira (Tiago 1.4-5).

Gosto muito de comparar a carta de Tiago com o Livro de Provérbios, pois em ambas há excessivas lições sobre como é a sabedoria divina, e essa sabedoria possui grandes virtudes. A sabedoria é a perfeição, e a perfeição está em não tropeçar com a sua língua, como disse Tiago: “Se alguém não tropeça no falar, é um indivíduo perfeito, capaz de refrear também todo o corpo” (Tiago 3.2).

Se posso afirmar que aprendi alguma coisa em minha vida, mesmo em meio a inúmeros erros e falhas que cometi, cometo e sei que ainda cometerei, aprendi com certeza que as palavras que saem da minha boca se tornarão senhoras sobre mim, e serei senhor das minhas palavras enquanto eu as mantiver dentro de minha boca.

Evite falar demais. Quando nos policiamos com as palavras em nossa boca, alcançamos um autocontrole espetacular, evitamos que grandes contendas se iniciem. Muitas vezes, quem fala muito, fala sem pensar. Quem fala menos, pensa mais. Surgem contendas, fofocas, acusações, ofensas e até outros problemas com aqueles que usam sua língua em demasia.

 Gosto muito de Neemias, quando foi a Jerusalém para a reconstrução dos muros, não falou nada a ninguém até que visse realmente a situação dos muros de Jerusalém (Neemias 2.11-16), isso porque quem quer fazer grandes coisas e possui grandes projetos e sonhos não pode contar para todos os planos que possuem. Quem muito fala expõe aquilo que está em seu coração (Mateus 12.34), assim sendo, aquilo que falamos é fruto daquilo que há em nosso coração.

Evite falar demais, mas quando falar, fale corretamente, fale bem falado. Minha mãe, quando eu ainda era criança, me chamou para conversar uma vez, ela estava brava comigo por eu estar falando demais sobre coisas que eu não entendia. É engraçado isso, porque quando falamos muito, queremos dar a impressão de que sabemos demais, mas nem sempre isso é verdade.

Você pode tirar por pessoas que falam da vida alheia. Falam, falam, falam. Dizem que viram que fulano trabalha até tarde, e concluem que ela não quer voltar para casa. Veem que um casal não estava sorridente quando os encontrara, e diz que eles estavam brigando de novo, etc. Pessoas falam sem saber o que falam, e perdem seus tempos, minam as energias de si mesmos e daqueles que estão à sua volta.

Por isso, minha mãe me disse: “Você é livre para falar o que quiser, mas é melhor que você só abra a boca para falar quando for algo que preste para todos”. Demorei muito, mas hoje devo dizer que aprendi.

É importante isso, quando falarmos, que seja algo edificante para as pessoas ao nosso redor e, principalmente para nós mesmos. Porque aquilo que sai de nós, isso é o que nos contamina, como disse Jesus:

“Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina a pessoa” (Mateus 15.18).

Nós comeremos um dia em nossa vida os frutos das palavras que saíram de nossa boca. Seremos julgados, condenados ou absolvidos pelas palavras que usamos, por isso, meu querido leitor: Fale pouco, mas fale bem!