“E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor e de muito respeito; porque por ele o Senhor dera livramento aos siros; e era este varão homem valoroso, porém leproso” (II Reis 5.1).
Todo mundo conhece a história de Naamã, o homem leproso que se banhou no rio Jordão, mergulhando sete vezes em suas águas, e saindo delas com a pele como a de um menino (II Reis 5.14). Todos já ouviram essa história ao menos uma vez em sua vida.
Fico atraído ao ler essa passagem, porque a partir dela, uma série de histórias acontecem como um desdobramento, e muitas lições são extraídas a partir do Capítulo 5 do Segundo Livro dos Reis.
O Capítulo 5 inicia com a apresentação de um personagem, que será de muita importância para a compreensão das razões para as suas atitudes no decorrer das passagens. Vemos um homem forte, um homem valente, um homem de grandes conquistas e de grande confiança de seu rei e de toda a coorte Síria. Aquele, sem sombra de dúvida, era um homem notável, um homem grande, um grande general.
É dessa maneira que Naamã gostava de ser apresentado. Era assim que ele gostaria de ser lembrado, e era essa a imagem que ele mostrava a todo o seu exército, ao seu rei, a todos, mas quando ele se despia de suas armaduras, de seus trajes que ocultavam as suas imperfeições, ele se deparava com um grande detalhe. Diz a Escritura: “porém leproso”.
Somos bons em esconder os nossos “poréns”. Ocultamos de todos com maestria, com perfeição aquilo que mostra as nossas imperfeições. Escondemos debaixo de mantos, armaduras, capas. Não permitimos que ninguém conheça as nossas debilidades, as nossas fraquezas, porque o mundo exige perfeição.
A religião exige uma perfeição diária, uma adequação com a qual não conseguimos nos acostumar, mas que está ali. Há sempre um detalhe em nós que queremos esconder, algo que nos envergonha. A religiosidade exige isso, ela cobra de nós que saibamos representar o nosso papel de pessoas perfeitas, escondendo nossos medos, nossas incertezas e quase sempre a nossa incredulidade.
O ambiente religioso, social, profissional, político, enfim, todo o ambiente público é insensível diante de nossas debilidades. E dessa forma, o homem que era tão conhecido por suas grandezas, ocultava em seu lar o grande: “porém leproso”. Todos temos um, e isso não é incomum, não é algo de outro mundo, tampouco é uma aberração à nossa natureza. Somos todos homens e mulheres repletos de fraquezas que sabemos que não podem ser mostradas aos outros.
Você pode ser uma pessoa de muitos amigos, porém solitária. Pode ter muitos seguidores e postar muitas fotos nas redes sociais, porém ser antissocial. Pode ser um piadista, porém ser vazio e ranzinza. Pode ser muito religioso, porém não saber se tudo o que diz crer é verdade. Há algo de Deus para você que luta todos os dias com os teus poréns.
Os nossos “poréns” nos enchem de fardos, de roupas, de capas, máscaras e armaduras, coisas que usamos para esconder quem realmente somos. Sabemos que o que ocultamos não pode ser visto por ninguém, não podemos mostrar isso a ninguém. Contudo, ainda que ninguém saiba, que ninguém veja, que ninguém conheça nenhum dos nossos poréns, há nos céus um Deus que conhece cada detalhe de nosso ser.
Deus te conhece! Deus sabe o que você esconde, sabe o que você oculta. Ele sabe o que precisa ser tratado no teu coração. Ele sabe que você tem esses poréns, e nem por isso desprezou a tua alma, tampouco desprezou a tua vida. Ele ainda quer um relacionamento com você, Ele ainda te ama. O maior desejo de seu coração é tratar essas feridas que você oculta debaixo de tantas armaduras e capas.
Ele não te julga pelos poréns que você oculta, mas te dá uma grande oportunidade de tratar cada um deles, e te fazer ser novo, como uma criança. Tudo o que você precisa fazer é ouvir, crer e obedecer à Palavra que Ele diz.
Entregue-se aos cuidados de Jesus, e Ele tratará o teu coração! Ele é especialista em seres humanos, pois Ele mesmo veio em carne para habitar entre nós e sentir na pele todas as nossas agonias e nossos poréns.
Naamã teve de despir-se, não poderia se envergonhar de sua lepra diante de todos, mas teve que se despir e descer no Jordão. A palavra “Jordão” no hebraico significa: “aquele que desce”. E isso, na Bíblia, significa se humilhar na presença de Deus.
O apóstolo Pedro escreveu: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pedro 5.6-7). Descer diante de Deus significa reconhecer que Ele é o Soberano, Ele é superior, e por isso nada podemos fazer e tudo está nas mãos Dele.
Ele conhece as nossas fraquezas, e quando obedecermos à Sua voz, nossa pele será como a de um menino, ou seja, nasceremos de novo. Sim! É renascer! É ser criança outra vez, é ser uma nova criatura, como disse Paulo: “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios 5.17).
Viva uma nova vida, viva com Cristo! Ele sabe tratar com os nossos poréns!
Ozni Coelho Simões
Ozni Coelho Simões
Deus é especialista em tratar nossos "poréns". Ele é o oleiro que quebra o Vaso rachado, espedaçado, defeituoso e o refaz para a sua glória.
ResponderExcluirAmém!!
ExcluirEsse é o nosso Deus!